Em um tempo tenebroso onde virou moda tratar o adversário como inimigo, onde passou a ser normal direita demonizar esquerda e vice-versa e onde termos pejorativos como "coxinha" e "petralha" toma conta do dia a dia dos brasileiros, cabe-nos invocar um exemplo de um pernambucano que mesmo tendo suas convicções ideológicas firmes, sempre respeitou aqueles que pensam diferente. Recentemente, Marco Maciel completou 79 anos de idade e se encontra em Brasília, doente e em um processo avançado de Mal de Alzheimer.
Maciel, que foi deputado, governador, vice-presidente e senador, faz falta nesse tempo que a tensão entre dois pólos ideológicos se digladiam e que um terceiro pólo (centro) acaba sendo sufocado e discriminado. Maciel também construiu sua carreira política em um mesmo partido - ARENA, PDS, PFL e depois DEM, o mesmo partido com nomes diferentes ao longo dos anos -, e apesar de ter apoiado o regime militar - foi governador nomeado - foi um dos grandes artífices da transição democrática.
Pode-se discordar de Maciel nas suas convicções ideológicas, mas não se pode negar seu trato e sua capacidade de diálogo com as diversas forças, sejam elas de direita, esquerda ou centro. Maciel soube construir uma carreira sólida e respeitável, de modo que sempre ganhou as eleições que disputou, até o ano de 2010, quando "varrido pelo lulismo", acabou perdendo a reeleição para o Senado. Era uma época que o PT e seus aliados estavam fortes e acabaram condenando à planície política nomes que não se alinhavam ao lulismo. E mesmo Marco Maciel não conseguiu escapar disso.
Maciel faz falta hoje na política. Nesse tempo tenebroso que vivemos, sua capacidade de diálogo faz falta. Que seu exemplo seja seguido por aqueles que estão na vida pública - seja da direita, de centro ou de esquerda.
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